"Hoje em dia é 'cool' soar como os OMD" (COM VÍDEO)
Em 1980 e 81 fizeram de canções como Enola Gay ou Souvenir verdadeiros hinos pop à escala global, mas quando se separaram, em 1996, os Orchestral Manoeuvres in the Dark (também conhecidos pelas iniciais OMD) pareciam destinados a entrar nas fileiras da nostalgia da pop dos oitentas. Como tantos outros grupos da sua geração, reuniram-se para recordar memórias. Mas quiseram ir mais longe e ainda este mês vão editar History Of Modern, o seu primeiro álbum em 14 anos.
"Uma coisa é aparecermos num palco, a tocar as canções antigas, e toda a gente diz que gosta e blá blá blá... Está tudo feliz... Outra coisa é quando nos atrevemos a fazer um disco novo, que muita gente pode não querer ouvir", diz em entrevista ao DN o vocalista Andy McCluskey, evocando em poucas palavras a aventura que levou os OMD dos palcos onde recordavam velhos êxitos a um presente onde o seu nome regressa à lista das "novidades" editoriais.
O músico reconhece que "frequentemente" muitos dos discos de velhas bandas entretanto reunidas " costumam ser terríveis". Daí que estivessem "muito nervosos". De resto, confessa: "Prometemos a nós mesmos que só faríamos um disco se achássemos que seria forte e se sentíssemos que tínhamos algo a dizer como Orchestral Manouevres In The Dark." E, assim sendo, era uma vez History Of Modern...
A banda tinha dado a sua história por terminada depois de editado The Universal, em 1996. Na altura "estávamos terrivelmente fora de moda", confirma Andy McCluskey. "Foi na altura do brit pop, uma reinvenção dos anos 60... E nesses dias uma banda com sintetizadores estava fora de moda." Mas em 15 anos o cenário mudou em seu favor e é o próprio vocalista quem diz que hoje em dia é "cool soar como os OMD". Acrescenta ainda que parou "em 1996 não porque quisesse parar, mas porque não sabia mais o que fazer".
Onze anos depois, em 2007, o grupo reunia-se para levar para a estrada as canções de Architecture & Morality, o seu álbum clássico de 1981. "Foi o primeiro passo, e era o passo mais fácil", descreve. Assim como diz ter sido importante "fazer a edição comemorativa do aniversário de Architecture & Morality, recordando a toda a gente os nossos dias mais icónicos"... E tudo recomeçou a partir daí.
Mas era preciso arrumar ideias. "Estávamos a pensar em tudo, o princípio, o meio, o futuro", e, sobretudo, se deveriam fazer um disco... "A grande questão era mesmo saber o que é que um grupo de tipos que estavam a tentar ser o futuro há 30 anos podem fazer numa era pós-modernista?" Ou seja: "O que é que velhos modernistas podem fazer na era do pós-modernismo?" E responde: "O que podemos é na verdade falar de nós mesmos, do que sentimos." E por isso mesmo afirma que era já chegada a altura de escreverem uma canção sobre os Kraftwerk, o que de facto se escuta em RFWK. O grupo alemão foi peça fundamental na formação dos OMD. "Foram os catalisadores", descreve. E lembra aquele que foi o primeiro dia do resto da sua vida: "A 11 de Setembro de 1975 fui ao Liverpool Empire Theatre e sentei-me no lugar Q36. Vi os Kraftwerk a tocar ao vivo e senti que aquilo era o meu futuro."
Assim foi. Quatro anos depois os OMD estreavam-se com Electricity, single que não esconde uma admiração pelos Kraftwerk. Dois anos depois eram verdadeiras estrelas pop com projecção global. E agora estão de volta.
Veja aqui o vídeo do tema Enola Gay:
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